sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Comunicado Célula Carris Outubro 2007

A OFENSIVA NÃO PÁRA
A LUTA TAMBÉM NÃO


O Governo do Partido Socialista dirigido por Sócrates, em perfeita coordenação com os seus Administradores, como é o caso da Carris, não param nem abrandam na ofensiva contra os mais elementares direitos dos trabalhadores.
Na Carris o grande objectivo imediato é a liquidação do AE, o que acarretaria o roubo de todos os direitos que aquele instrumento contém.
Não lhes basta reduzirem ano a ano os salários de quem vive do seu trabalho, como os próprios números dos organismos oficiais, quer portugueses, quer da União Europeia confirmam e não há propaganda que a comunicação social controlada pelo grande capital seja capaz de esconder.
Em 2006 a inflação em Portugal foi de 3,1%, enquanto a média da União europeia foi de 1,9%. Porém, os custos com o trabalho no mesmo ano subiram 0,1% no nosso país e 2% a 2,6% na comunidade.
Acrescente-se ainda que o custo médio mensal da mão-de-obra (salários mais encargos) é de 1.557€ em Portugal e 3.140€ na União Europeia.
Dos números, que não são nossos, se vê que a falta de competitividade da nossa economia não se deve aos salários dos trabalhadores, mas à política de direita que tem levado à destruição do aparelho produtivo nacional.
Considerando que a Carris com sucessivas reestruturações de carreiras tem vindo a reduzir a oferta e se prepara para novas alterações na rede 7, antecipando protestos sofridos depois pelos trabalhadores não seu contacto com os utentes, o Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República já apresentou uma proposta para que sejam ouvidas a administração da empresa e a CT.
Outra prática corrente para criarem o ambiente na população contra a luta dos trabalhadores é fazerem campanhas com as indemnizações compensatórias devidas pela prestação do serviço público, usando o artifício o que cada português paga para aquela prestação (na Carris 4,6€ em 2006) como se os serviços sociais não fossem uma obrigação do Estado.
O que não dizem é que só em 2006 cada português financiou a banca em 38,6€, porque as isenções fiscais não são mais do que subsídios indirectos e neste caso não para pagar serviços sociais, mas para engordar lucros que sobem cada ano astronomicamente.
Mas a gula do grande capital não tem limites e o governo, praticando a política ao seu serviço, pretende satisfazer-lhe o apetite.
A flexisegurança, conceito que pretende enganar os trabalhadores, mais não visa do que dar à entidade patronal todo o poder.
Tinham razão aqueles que diziam que a Greve Geral se justificava. Mentiam os sindicatos da UGT, como prova o conteúdo do chamado livro branco, que para os trabalhadores é negro.
Como implicações das alterações pretendidas ao chamado Código do Trabalho, se a luta não o travasse, na Carris: - O CA ficaria com o poder exclusivo de organizar os horários de trabalho. Os trabalhadores sabiam a que horas entravam, mas não quando saem. Acabavam com as horas extraordinárias.
- Com a introdução do tempo defectivo de trabalho todas as pausas (nos términos, interrupções, trânsito) deixariam de ser parte do horário de trabalho.
- Os despedimentos sem justa causa ficavam dependentes da vontade do CA

RAZÕES PARA LUTAR CONTRA ESTA POLÍTICA NÃO FALTAM!
FAÇAMOS DA JORNADA DE LUTA DE 18 DE OUTUBRO, MAIS UMA PODEROSA RESPOSTA

Secretariado da Célula do PCP na Carris
Lisboa 15 Outubro 2007

Audição Debate Sobre os Transportes

Por uma nova política de
transportes ao serviço
do povo e do país
Intervenção de Vasco Cardoso, da Comissão Política

O encontro que hoje aqui se realizou insere-se na preparação da Conferência Nacional do PCP sobre questões económicas e sociais, que se realizará nos próximos dias 24 e 25 de Novembro sob o lema Outro Rumo. Uma nova política ao serviço do Povo e do país.
Olhando para a realidade nacional, não apenas nos seus actuais constrangimentos e limitações que a política de Direita impõe, mas também para as suas enormes potencialidades que a força e energia criativa dos trabalhadores projectam.
Olhando para os gravíssimos problemas que enfrentamos, mas também para as possibilidades reais que também se colocam para o desenvolvimento do país.
O PCP assume, o seu compromisso histórico de afirmar um conjunto de propostas integradas, no plano económico e social, capazes de constituir uma política alternativa ao modelo de desenvolvimento que tem sido imposto por sucessivos governos ao longo destes últimos 30 anos.
Afirmamos querer outro rumo, porque a direcção actual das políticas do Governo, enfeudadas que estão aos interesses do grande capital nacional e estrangeiro, vão no sentido do agravamento dos problemas do desemprego, do aumento das desigualdades sociais, da desertificação e abandono das populações do interior do país, de uma cada vez maior dependência face ao exterior, do empobrecimento dos reformados e idosos mas também dos trabalhadores, da destruição e entrega dos serviços públicos aos interesses privados, da depredação dos recursos naturais e da alienação da soberania nacional.
Queremos uma nova política, que rompa com as velhas receitas da exploração capitalista mesmo que estas surjam debaixo de novas roupagens, assumindo a Constituição da República como matriz de referência para o desenvolvimento de Portugal. Uma nova política ao serviço do Povo e do país, na base de uma economia mista, da valorização dos direitos dos trabalhadores e de uma outra distribuição da riqueza, do desenvolvimento dos sectores produtivos e do combate à financeirização da actividade económica, do combate à dependência estrutural da nossa economia, da superação progressiva de défices estruturais, da dinamização do mercado interno, da afirmação do primado dos serviços públicos em sectores sociais e estratégicos, de um país desenvolvido em todo o território nacional e que respeita o meio ambiente.
Quando o Comité Central do PCP, decidiu em Novembro de 2006 levar por diante a realização desta conferência, vinte e dois anos depois da última que realizámos sobre o mesmo tema, assumimos o compromisso colectivo de aprofundar, não só o diagnóstico da realidade económica e social do nosso país, mas também, projectar para a intervenção do Partido e para a sociedade o conjunto de propostas para uma nova política que rompa com o espartilho das políticas de direita e garanta um Portugal com futuro.
Queremos discutir o país que temos e o país que queremos no início deste novo século.
E sabemos que este país não pode continuar com um modelo de desenvolvimento que gera contínua estagnação económica, com a destruição de grande parte do seu aparelho produtivo, que faz com que tenha hoje o maior défice externo do mundo, em termos relativos, e permite que as principais alavancas económicas – as suas maiores empresas – possam estar nas mãos de estrangeiros, que apresenta um nível de desemprego, em sentido lato, que ultrapassa já os 10% da sua população activa, que tem o maior desequilíbrio na distribuição da riqueza dos países da União Europeia, que tem dos salários mais baixos, que tem das maiores taxas de pobreza, que tem dos mais baixos níveis de educação da sua população e que tem das mais elevadas taxas de desemprego de longa duração.
Este não pode ser um modelo de desenvolvimento que sirva para o presente e muito menos para o futuro.
Se não temos dúvidas quanto aos objectivos que pretendemos atingir com a realização desta importante Conferência Nacional do Partido, não deixamos de ter muito trabalho pela frente, num permanente exercício de discussão e reflexão colectiva, característica ímpar do nosso Partido, mas para o qual estamos empenhados em contar com o contributo de muitos outros que, não sendo Comunistas, partilham connosco preocupações e propostas para o presente e para o futuro. Queremos uma Conferência desenhada no encontro e no diálogo com o país real, que parta da vida, que identifique e analise os seus principais bloqueios e as suas principais potencialidades, que não se curve perante as injustiças e as desigualdades, que perspective uma efectiva mudança no nosso modelo de desenvolvimento.Camaradas
Durante o dia de hoje com integrado e diversificado conhecimento avaliamos a situação existente, as reflexões e propostas do Partido para um sector que é estruturante para vida económica e social do país e estratégico para um projecto de desenvolvimento.
Estruturante porque da rede e capacidade instalada de transportes e logística existente dependem toda a circulação de passageiros, ligações nacionais e internacionais, movimentos pendulares de vastas camadas da população, ligação às regiões autónomas, ligação aos milhões de portugueses espalhados pelo mundo, assim como, de todo o transporte de mercadorias e da sua articulação com o sector produtivo, comércio e serviços vários, numa íntima ligação com toda a actividade económica nacional e da sua integração no plano internacional.
Estratégico também, porque dessa estrutura de transportes e logística, da sua articulação, do seu grau de modernização e de integração de tecnológica , do carácter da sua propriedade, da sua distribuição e localização no território nacional dependerão em boa medida as principais referências do tipo de actividade económica predominante, do apoio aos sectores produtivos nacionais, das relações comercias do país com o exterior, da capacidade de afirmação de uma política soberana no contexto europeu, do desenvolvimento equilibrado do território nacional, do rompimento com o abandono de vastas zonas do país e desprezo pelas populações, da qualidade de vida de milhões de portugueses nas principais zonas urbanas, das condições de vida de dezenas de milhar de trabalhadores que esta actividade comporta.
Na actual sociedade capitalista o transporte individual constitui um paradigma que, independentemente de algum folclore que pontualmente se verifica em torno das virtudes do transporte público – os dias sem carros e outros - de tal forma dominante que um conjunto de recursos financeiros, energéticos e ambientais são a ele sacrificados em benefício do complexo sistema de interesses montado em torno da indústria automóvel, da exploração petrolífera e do capital financeiro.
Associada a esta questão assistimos ao longo dos anos a uma política de destruição da concepção de serviço público que, decorrendo do legítimo direito das populações à mobilidade e ao aumento das suas condições de vida, tem sido entregue aos interesses privados com prejuízos vários para as populações e para o país.
Situação tão mais gritante que conforme identifica o texto-base em discussão para a Conferência Nacional o deficit da estrutura de transportes e logística nacional, quer para as necessidades actuais, quer para um projecto de desenvolvimento é hoje uma das causas da estagnação económica e do agravamento de um conjunto de indicadores sociais.
Neste texto-base o Partido identifica o persistente e agravado défice do estruturante e estratégico sistema de transportes e logística, nomeadamente de transporte colectivo público, a par de profundos desequilíbrios entre os seus modos, como resultado de políticas e medidas sujeitas ao objectivo de total privatização e liberalização do sector e total subordinação aos interesses do grande capital. E chama-se a atenção para a responsabilidade da política de direita praticada por diferentes governos para; o desmembramento de muitas empresas; a redução de serviços e da função social dos transportes (aumento dos preços dos bilhetes e passes sociais); a ausência de planeamento e financiamento de um verdadeiro sistema nacional de transportes, integrado, com complementaridade entre os vários modos; a dependência de decisões comunitárias em matéria de financiamento e localização, que se tem traduzido em protelamentos e indefinições; a privatização crescente da rede viária principal e o abandono das redes regionais e locais; os atrasos na efectivação das Autoridades Metropolitanas de Transportes, que surgem sob total controlo do governo.
Problemas que têm atingido os transportes terrestres (rodoviários — nomeadamente a rede viária, o domínio dos Grupos Barraqueiro, ARRIVA e TRANSDEV e a asfixia do Sector dos Táxis – e ferroviários – nomeadamente a rede de alta velocidade e a sua articulação com a necessidade urgente de modernização e expansão da rede convencional), os transportes aéreos (nomeadamente com a segmentação e projectos de privatização da companhia de bandeira, a TAP e da gestão dos aeroportos nacionais, ANA), nos transportes marítimos e estruturas portuárias, cujas consequências são particularmente visíveis nas incapacidades em reduzir o défice de acessibilidades das regiões ultraperiféricas portuguesas. E, igualmente, no desenvolvimento de plataformas com zonas de actividade logística, que só o Estado tem capacidade e vocação para hierarquizar e ordenar a respectiva localização.
Assiste-se à aceleração da subordinação deste sector aos interesses do grande capital financeiro numa lógica em que a concepção e articulação das redes e modos de transporte estão dependentes da rentabilização dos projectos e operações financeiras da Banca. Sobre esta matéria há hoje o risco de uma generalização deste modelo construção, financiamento e gestão destas infra-estruturas que urge ser interrompido. Invocando a experiência do modelo que esteve na base da construção das auto-estradas, e que bem cara tem saído ao nosso país, está hoje em desenvolvimento por parte do Governo PS a construção de um conjunto de infra-estruturas nessa mesma linha. Refiro-me ao NAL, mas também ao conjunto de plataformas logísticas que estão previstas até 2009.
A título de exemplo a concepção, financiamento, construção e exploração da Plataforma Logística Multimodal do Poceirão, ficou a cargo do consórcio formado pela Bento Pedroso Construções S.A, Mota-Engil Ambiente e Serviços, Espírito Santo Resources SA. e OPCA.SA.
Este conjunto de investimentos que exigiram um avultado empenhamento de receitas presentes e futuras devem, em nosso entender, ser recolocados nas mãos do sector público em todas as suas dimensões, isto é, desde a construção até à exploração destes recursos.
Uma outra dimensão da análise e da proposta do partido prende-se com o papel que a construção, manutenção e reparação dos equipamentos de transporte e material circulante pode ter no aparelho produtivo nacional. Um país com amplas tradições e competências na construção Naval, mas também noutros sectores, deve olhar para a produção material de bens transaccionáveis como uma possibilidade para o aumento da riqueza, promoção do emprego e das condições de desenvolvimento do país.
Foi tendo presente que o sector dos transportes tinha um papel fundamental para articulação do desenvolvimento e recuperação económica do país que em 1975 este foi objecto de importantes nacionalizações, de acordo aliás, não apenas com o projecto de desenvolvimento contido na constituição mas sobretudo o conjunto de aspirações que existiam na sociedade portuguesa.
No entanto, ao longo dos últimos 31 anos os diferentes governos do PSD, CDS/PP e PS tendo por objectivo a restauração do capitalismo monopolista de Estado desenvolveram de modo continuado a privatização de empresas ou parte delas, o aumento da exploração dos trabalhadores, o aumento das tarifas e na redução do serviço público prestado às populações.
Esta politica como se confirmou ao longo da iniciativa teve como resultado a destruição da Marinha Mercante, a privatização da RN, o encerramento de mais de 900 km de linha e ramais ferroviários, as sucessivas tentativas de destruição do passe social intermodal, destruiu mais de 40.000 postos trabalho líquidos. O anúncio de mega projectos de investimento em Infra-estruturas de transportes, com a OTA ou TGV não consegue ocultar que o actual como os anteriores governos prosseguem uma politica que agrava os problemas que afectam o nosso país. e que como beneficiários os grupos privados do sector, ligados ao capital estrangeiro, que para além de controlarem grande parte do sector rodoviário, parte da aviação civil, já penetraram no sector ferroviário através da FERTAGUS, as Administrações portuárias deixaram de operar no portos e tornaram-se alugadoras de espaços e equipamentos.
Esta política dirige-se hoje com grande violência contra os mais de 100.000 trabalhadores que desenvolvem a sua actividade profissional nas empresas rodoviárias, ferroviárias, aviação civil, marítimas, portuárias, fluviais, táxi e despachantes oficiais. Os seus direitos, salários e condições de trabalho, têm sido degradados, aumentou o trabalho precário, a sub-contratação, a insegurança, as limitações à sua livre associação e intervenção sindical.
Para o PCP não há política de transportes que possa ser feita contra os direitos dos trabalhadores destes sectores. Pretendemos afirmar nesta conferência que os direitos dos trabalhadores são simultaneamente objectivo e condição para o desenvolvimento do país.
Queremos sair desta conferência com um conjunto de propostas que rompendo com as politicas de direita, de resposta a necessidades reais e que recebam o acolhimento de vastos sectores da sociedade.
Para o PCP, é fundamental uma forte política de investimento público em todas as dimensões destes sectores, e uma política que assuma a necessidade de um Plano Nacional de Transportes, ouvindo as populações e ORT´s, assente no serviço público, virado para o desenvolvimento da economia nacional, do ordenamento do território e desenvolvimento harmonioso das regiões, respondendo a imperativos de economia energética, menor custo social e preservação do ambiente, que assegure simultaneamente aspectos da segurança pública e ambiental e soberania nacional indissociáveis de um projecto de desenvolvimento;
Para o PCP é urgente assegurar a complementaridade entre os diversos modos de transporte.
Para o PCP o futuro passa por um forte sector constituído por empresas públicas, que como a realidade tem comprovado é a única forma de garantir a efectiva prioridade ao serviço público, com transportes coordenados e frequentes, seguros, com boa qualidade e a preços sociais, recebendo as respectivas empresas, adequada e atempadamente, as indemnizações compensatórias pelo mesmo.
Para quem visitou, participou e até ajudou a construir a Festa do Avante e teve a oportunidade de contactar com uma magnífica exposição sobre os transportes – “ Da roda ao TGV” – de onde emerge a ideia da ciência colocada ao serviço do homem, do papel que o desenvolvimento tecnológico dos meios de transporte tiveram em muitas esferas da vida económica e social ao longo dos últimos séculos, do papel da luta dos trabalhadores nesses mesmos avanços. Podemos dizer, que do exemplo dessa mesma exposição projectam-se elementos que temos como seguros na imparável marcha da história, da força da vontade dos homens, da necessidade e da possibilidade de uma sociedade mais justa de um outro rumo e de uma nova política ao serviço do Povo e do país. É precisamente nesse espírito que a Conferência se integra.

Comunicado aos trabalhadores da SPdH

Aos trabalhadores da SPdH
Basta de Injustiças, e Ilegalidades


Ontem dia 10 de Outubro o CA da SPdH (groundforce) apoiado num acordo que obteve em Setembro com uma estrutura que representa trabalhadores na empresa, divulgou através da Circular – 001/DG/07 que pretender obrigar todas as restantes estruturas e trabalhadores a terem que aceitar os termos desse acordo para que seja-lhe processada a actualização salarial devida.
Acordo que se diga em abono da verdade, é claramente insuficiente para fazer frente ao aumento do custo de vida verificado, é tardio, porque só acontece em Outubro, e ainda por cima discriminatório, porque pretende que o mesmo não tenha qualquer incidência sobre os salários dos que menos recebem. Acordo que, para além disto, ainda retira direitos e altera para pior as já péssimas condições em que prestam o seu trabalho (organização do tempo de trabalho) a todos os que trabalham por turnos na empresa.
Os Militantes comunistas da SPdH afirmam que não aceitam esta acção de pressão, chantagem e discriminação, violadora da Constituição da República Portuguesa. Não aceitam e relembram os trabalhadores da SPdH que, como tinham alertado seriam estes os primeiros a sentirem as negativas consequências do processo privatizador, como a realidade social da empresa o confirma.
Decerto que está hoje claro para quem com seriedade quiser ver, as razões porque alguns se colocaram em Maio contra a Greve Geral, ao darem agora acordo a alterações negativas na organização do tempo de trabalho e descanso, à retirada de direitos livremente negociados entre as partes, ao aumento da precariedade laboral, algumas das razões pela qual esta se realizou.
O PCP cumprindo com as suas obrigações de partido da classe operária e de todos os trabalhadores, de imediato denunciou na Assembleia da República e fez pergunta escrita ao Governo sobre esta situação e exigindo respostas e o cumprimento da Constituição da República Portuguesa.
Apontamos ainda a todos os trabalhadores, como o caminho seguro e certo para defender os seus direitos e interesses o desenvolvimento da resistência e da Luta nomeadamente participando em massa na Jornada de luta do próximo dia 18 Outubro convocada pela CGTP – Intersindical Nacional para Lisboa a partir das 14.30 com concentração no metro dos olivais e desfile em manifestação para o Parque das Nações.

SPdH - Descriminação salarial Pergunta ao Governo

Pergunta do PCP ao Governo

(12-10-2007)

Assunto: Discriminação salarial na empresa Groundforce/SPdH
Apresentado por: Deputado Bruno Dias (PCP)

Exmo. Senhor
Presidente da Assembleia da Republica
O PCP tem vindo a denunciar as visíveis consequências da privatização do serviço de assistência em escala (vulgo “handling”) da TAP, inclusivamente no que diz respeito à degradação da situação dos trabalhadores e ao ataque aos seus direitos.
Agora, o Grupo Parlamentar do PCP tomou conhecimento de uma grave situação verificada na Groundforce/SPdH (empresa resultante da privatização), que configura uma inaceitável prática de discriminação salarial por parte da sua Administração.
Nos termos da Circular dirigida a todos os trabalhadores da empresa, a Administração pretende que, no processo de revisão das tabelas salariais para 2007, sejam excluídos os dois primeiros níveis de todas as carreiras (Iniciado e Grau I) – ou seja, congelamento salarial (só) para os trabalhadores com os salários mais baixos.
Esta escandalosa decisão da Administração da Groundforce/SPdH é adiantada com um conjunto de considerações que a pretendem justificar, nomeadamente a «conjuntura bastante complexa», a «elevada pressão para a diminuição dos preços de mercado», que supostamente «exige uma grande contenção nos custos da empresa», ou ainda o suposto facto de «os valores em causa serem muito competitivos no mercado».
A “justificação” avançada pela Administração da empresa chega ao ponto de afirmar que «a passagem para o Grau II pode representar um salto quantitativo maior, constituindo este um estímulo ao desempenho profissional de cada um», num insultuoso exercício de hipocrisia
Para além do mais, a citada Circular da Groundforce/SPdH anuncia que, tendo sido obtido um acordo (relativo a apenas algumas carreiras) entre a Administração e um dos sindicatos representativos dos trabalhadores da empresa, serão processados os aumentos salariais acordados apenas a esses trabalhadores. Os restantes trabalhadores, para «beneficiarem dos aumentos acordados, deverão manifestar essa vontade à empresa, através da assinatura de uma declaração de Adesão Individual ao acordo celebrado», até dia 31 deste mês.
Por outro lado, a Administração da empresa afirma ainda que «para as restantes carreiras da empresa também incluídas no processo de negociação a decorrer com o SIMA, SINTAC, SITAVA e SQAC, ainda não foi possível obter um acordo, pelo que não haverá, por agora, qualquer evolução salarial».
Trata-se de uma inaceitável política de discriminação que está a ser levada a cabo nesta empresa, com implicações que se colocam inclusivamente ao nível do condicionamento da organização dos trabalhadores e das suas liberdades colectivas, no quadro de um processo de negociação e contratação colectiva.
Está em causa um processo de negociação e contratação colectiva, relativamente ao qual se exige antes de mais a observância do princípio constitucional de que para trabalho igual salário igual [Alínea a) do N.º 1 do Artigo 59.º da Constituição da República].
Para além da legalidade de tais práticas, e da necessária verificação e fiscalização por parte das entidades competentes do Estado Português ao nível do cumprimento da legislação do trabalho, importa ter em conta o quadro político em que estes factos se registaram. Nomeadamente, o facto desta empresa (e respectivo estatuto) ser resultante da privatização de um serviço da TAP, e ainda assim o facto da sua actual estrutura accionista manter uma participação da TAP, ou seja, capitais públicos. Nesse sentido, também a tutela dos transportes ao nível do Governo deve ter um papel no esclarecimento desta situação.
Nestes termos, ao abrigo da alínea e) do Artigo 156.º da Constituição e da alínea d), do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, pergunto ao Governo, através do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações; e do Trabalho e Solidariedade Social, o seguinte:
Tem o Governo conhecimento da situação de discriminação salarial verificada na empresa Groundforce/SPdH?
Que medidas serão tomadas para pôr cobro a esta inaceitável prática discriminatória que está a ser levada a cabo nesta empresa?